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“A Nova Ordem Jedi” e o papel da Nostalgia em Star Wars

"A Nova Ordem Jedi" e o papel da Nostalgia em Star Wars

Assim como tantas obras “oitentistas”, Star Wars exerce um enorme poder em nosso imaginário, transformando o mais responsável dos homens em uma pequena criança, correndo por aí, de um lado para o outro, com um pedaço de pau na mão, mas um sabre de luz reluzente na imaginação.

Esse impacto tão magnífico causado pela obra chama bastante atenção dos estudiosos de áreas distintas, que veem em Star Wars uma oportunidade única de estudar o fator nostalgia exercido pela saga na sociedade, na cultura popular e, principalmente, no mercado.

Consumir Star Wars em sua forma base, ou seja, como um filme de fato, desencadeia uma reação; observando-o como arte, uma reação similar, mas distinta. Mas quem nos ensinou como analisar uma obra tão viva em sua essência que, simplesmente, não consegue ser nem um nem outro?

Star Wars é mutável. Longas metragem “vivos” e reativos. Que sentem, que mudam, amadurecem e evoluem. Assim como o homem. Mas não seria essa uma falácia ou, em um cenário ainda mais caótico, uma pura loucura de uma mente insana? Porque não me diz você?

O Retorno dos Jedi
Poster Especial de 25 anos de A Ameaça Fantasma

O Retorno dos Jedi

Em 1977, nascia da mente do visionário George Lucas aquela que viria a ser a série mais cultuada, amada e estudada da história da sétima arte: Star Wars.

Apesar de seu estrondoso sucesso, Star Wars foi um filme despretensioso, mas que conseguiu um feito jamais antes visto na história da indústria: reunir uma extensa comunidade que, anos mais tarde, iriam fundar os famosos “fandoms” que vemos nos dias de hoje.

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Em 1980, chegou a vez de o “O Império Contra Ataca” trazer consigo mais substância para aquela galáxia tão fabulosa, mas que agora, seria dominada pelo medo e pela incerteza de um futuro sombrio para os nossos heróis. Já em 1983, chegava ao fim, com “O Retorno de Jedi”, a primeira, e mais influente, trilogia do cinema.

Para muitos, Star Wars foi um evento catártico, que transcendia o cinema para se tornar algo muito maior dentro da ciência cognitiva moderna, que viria a ser estudada com afinco alguns anos mais tarde.

Depois de um hiato de mais de 15 anos, Star Wars estava pronto para retornar às salas de cinema do mundo todo, com uma aventura inédita que tinha como premissa mostrar a origem do maior vilão da saga. E em 24 de junho de 1999 chegava aos cinemas “Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma”,

Não é preciso dizer que os fãs foram à loucura com o retorno de Star Wars às telonas. E já nas primeiras semanas, Star Wars mostrava, mais uma vez, que era capaz de se tornar o “Blockbuster dos blockbusters”.

Mas apesar dos números expressivos de vendas e do retorno do alto consumo de objetos relacionados à saga, o primeiro episódio da linha cronológica da série não foi tão bem quisto pela velha guarda que aguardava em polvorosa por mais um longa dessa galáxia tão, tão distante.

Para muitos, o longa era “arrastado” e “cansativo”. Quase como correr uma maratona. Afinal, quem, à essa altura do campeonato, estava ansioso para assistir tantas intrigas políticas em um genuíno filme de guerra, não é mesmo? (Sintam a ironia desse trecho e reflitam).

Em 2002, era a vez de O Ataque dos Clones chegar para apresentar o marco mais importante de toda a saga. Afinal, as famosas Guerras Clônicas sempre tiveram um forte impacto na trilogia original.

Mas mesmo esse, que deveria ser o filme mais importante de toda a saga, não conseguiu agradar os fãs, que mais uma vez, destacaram a lentidão da narrativa que, agora, se tornava mais insuportável do que nunca. Contudo, foi em 19 de maio de 2005 que Star Wars finalmente fez valer a nostalgia adormecida nos fãs de longa data da saga.

Chegando com uma carga dramática densa, um cenário político em ruínas e duelos de tirar o fôlego de qualquer um, Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith trouxe uma direção muito mais assertiva de Lucas, que mostrou em sua conclusão, o motivo de ter escolhido um ritmo mais cadenciado para sua nova trilogia.

Mas mesmo com um desfecho sublime, a “trilogia prequela” despertou um lado dos fãs que jamais havia sido mostrado até então: um descontentamento tamanho. Capaz de destruir não só toda a experiência com os três novos filmes, como o impacto de toda a saga desde sua estreia, em 1977.

Com essa recepção mista dos fãs, Star Wars entrou, mais uma vez, em hiato. Mas dessa vez, seria “para sempre”.

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A Trilogia DIS(tópica)NEY

Em 2015, dez anos após o último filme da franquia, Star Wars retornava aos cinemas. Dessa vez, para nos mostrar o futuro da galáxia.

Novos e velhos fãs se reuniram, novamente, para testemunhar o glorioso retorno da saga Guerra nas Estrelas aos cinemas mundiais com o sétimo episódio da saga, Star Wars: O Despertar da Força. Para muitos, o sétimo longa da franquia se mostrou como um retorno triunfante e digno de Star Wars para a essa nova era do cinema global.

Em 2016, Rogue One: Uma História Star Wars só afirmava essa posição imposta pelos fãs ao retorno triunfal de Star Wars aos cinemas. Mas toda essa energia vibrante e otimista não duraria muito.

Em 14 de dezembro de 2017, surgiu aquele que seria conhecido como o “divisor de águas” da franquia: Star Wars: Os Últimos Jedi.

Se por um lado O Despertar da Força reacendeu a nostalgia e a esperança dos fãs com a franquia, foi Os Últimos Jedi que reacendeu, mais uma vez, a dúvida, a insatisfação e, para muitos, o sentimento de luto para com Star Wars e seu futuro incerto.

O longa foi tão disruptivo que, mesmo após 7 depois de seu lançamento, ainda continua sendo discutido pelos fãs mais fervorosos da saga, levantando não só debates muito interessantes e pertinentes, como equívocos extremistas e ofensivos não só à comunidade, mas à toda a produção envolvida no filme.

Com essa divisão, tanto os fãs quanto a Disney lutaram para reviver o “bom e velho” espírito de Star Wars com o vindouro Episódio IX: A Ascensão Skywalker. Mas o que deveria ser uma experiência emotiva e sublime se tornou um verdadeiro caos. Mostrando para muitos o seguinte cenário: Star Wars estava morto, e a Disney cavara sua cova.

A Evolução da Trilogia Prequel e uma Análise no papel da “Falsa Nostalgia” em Star Wars
Capa de Star Wars: Mestre e Aprendiz

A Evolução da Trilogia Prequel e uma Análise no papel da “Falsa Nostalgia” em Star Wars

Existe um debate cínico entre os cinéfilos que diz o seguinte: uma obra considerada ruim, pode ser tão ruim, mas tão ruim, que ela dá a volta sobre si mesma e se torna boa.

Esse exemplo roda por vários e vários projetos, cinematográficos, televisivos e literários, para uma pseudo defesa de sua qualidade técnica e narrativa. Contudo, no que diz respeito à percepção humana, nada pode ser tão ruim que possa ficar bom, da mesma forma que nada que é tão bom pode se tornar ruim. A menos que, o contexto de tais obras, aliada à realidade vivida por nós, façam essas alterações de forma natural. Basta olhar para trás que você encontrará, aos montes, produções com temas questionáveis e discursos inflamados que despontam, diretamente, no coração do politicamente incorreto.

Tais obras não foram capazes de sobreviver à evolução social e tornaram-se materiais obscuros e desconsiderados por muitos. O que, por si só, sustenta a veracidade das afirmações anteriores.

Mas o que exatamente acontece com Star Wars?

Como falamos no início deste artigo, Star Wars não é só filme, da mesma forma que não é só arte. Star Wars é uma matéria. Que muda, evolui e cresce junto à humanidade. Dessa forma, é possível perceber a franquia como “um amigo de longa data” que, assim como nós, também tomou outros rumos, andou e desandou em diversos momentos mas que, sempre que precisamos, ainda está lá para nos receber e acolher.

Com o passar do tempo, a trilogia prequela evoluiu, aprendeu com seus erros, amadureceu e entregou uma experiência “totalmente diferente” para o espectador. Mas, com um olhar atento, percebemos que nada mudou. Nem mesmo a experiência. Então, como pode ser melhor? Como o tempo a inocentou de seus crimes tão vis contra a trilogia clássica?

Em uma entrevista ao site Vitralizado, o célebre autor Alan Moore (Watchmen, V de Vingança) diz que o sucesso dos super-heróis não está atrelado ao amadurecimento dos roteiros, mas sim ao encontro que se dá entre essa “idade das trevas” com a idade emocional do público leitor.

Dessa forma, podemos perceber que o Superman, Batman e tantos outros heróis nada mais eram do que o poder “fantasioso” da classe trabalhadora em meio ao caótico século XX. Da mesma forma que Star Wars e tantas outras produções.

Dessa forma, avaliar e analisar a trilogia prequela através da perspectiva das pessoas que cresceram no final da década de 1990 e no início dos anos 2000, fica claro encontrar essa ligação entre a obra e sua complexidade com a idade emocional avançada desses fãs.

Em muito, a nostalgia nos protege da evolução constante e da corrida exacerbada vivida pelo homem com a constante evolução tecnológica, a inconstância governamental e a insegurança percebida no mercado de trabalho.

Ainda assim, em um futuro não muito distante, a trilogia sequela também contará com seus defensores que “compreenderão”, ao contrário de tantos outros, suas verdadeiras qualidades e sua riqueza nunca antes observada e, acima de tudo, valorizada.

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Vébis Jr.
2 meses atrás

Danny boy! Amei seu texto! Parabéns!

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